Com informações da Agência Fapesp - 17/04/2014
Apesar de sua importância para a compreensão de fenômenos
relacionados à eletricidade atmosférica, como os raios, e de ter dado
origem a tecnologias como a da fotocópia, a área da eletrostática
permanecia praticamente estagnada até a última década.
A principal razão para isso era a falta de novas teorias e técnicas
experimentais que permitissem identificar e classificar adequadamente
quais entidades, íons ou elétrons conferem carga aos materiais.
As coisas começaram a mudar graças a um grupo de pesquisadores
brasileiros reunidos no Instituto Nacional de Ciência, Tecnologia e
Inovação em Materiais Complexos Funcionais (Inomat), que tem sua sede na
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Os pesquisadores do grupo de Galembeck descobriram que a água na
atmosfera pode adquirir cargas elétricas e transferi-las para
superfícies e outros materiais sólidos ou líquidos.
Por meio de um experimento em que utilizaram minúsculas partículas de
sílica e de fosfato de alumínio, os pesquisadores demonstraram que,
quando exposta à alta umidade, a sílica se torna mais negativamente
carregada, enquanto o fosfato de alumínio ganha carga positiva.
A descoberta da eletricidade proveniente da umidade - denominada
pelos pesquisadores brasileiros de "higroeletricidade" - teve
repercussão mundial.
Segundo Galembeck, a descoberta abriu caminho para o desenvolvimento
da "água eletrizada" - água com excesso de cargas elétricas -, em
condições bem definidas, que pode ser útil para o desenvolvimento de
sistemas hidráulicos.
"Em vez da pressão, o sinal utilizado em um sistema hidráulico com
base na água eletrizada poderia ser o potencial elétrico, mas com
corrente muito baixa, da própria água", explicou.
Outra possibilidade mais para o futuro seria o desenvolvimento de
dispositivos capazes de coletar eletricidade diretamente da atmosfera ou
de raios.
"Fizemos algumas tentativas nesse sentido, mas não obtivemos
resultados interessantes até agora", contou Galembeck. "Mas essa
possibilidade de captar a eletricidade da atmosfera existe e já
descrevemos um capacitor carregado espontaneamente quando exposto ao ar
úmido."
A descoberta pode contribuir para o desenvolvimento de materiais mais
resistentes aos desgastes ocasionados pelo atrito, tais como lonas de
freio e pneus de automóveis, ou com menor consumo de energia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário