A seguir, trechos da reportagem de Reinaldo Azevedo, colunista da revista VEJA.
VEJA:
[...As barbaridades que vieram a público nas provas de redação são
apenas um sintoma. A doença é mais grave do que parece e ficará entre nós por
muitos anos, por décadas.]
[...Há dias, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante — aquele cuja
tese de doutorado está para o mundo acadêmico como o miojo está para a
culinária — anunciou uma grande reforma no currículo do ensino médio. Segundo
afirmou, ela vai seguir a divisão de disciplinas no Enem. Essa faixa escolar, hoje
moribunda, será condenada à morte. Podem escrever. Vamos com calma, que a coisa
é complicada.]
[...O Enem foi criado no governo FHC para ser um instrumento para
avaliar o ensino médio e propor, então, medidas de correção de rumos.
Transformou-se no maior vestibular do país pelas mãos de Fernando Haddad, sob o
aplauso quase unânime e cúmplice, inclusive da imprensa. Pouco se atentava e se
atenta para os absurdos lá contidos. A prova de redação, por exemplo, vale 50%
da nota final, o que é injustificável sob qualquer critério que se queira.
Quando olhamos os itens de avaliação, a indignação precisa se conter para não
se transformar em revolta.]
[...Os corretores que atribuíram mil pontos aos alunos que escreveram
“enchergar”, “trousse” e “rasoavel” entenderam que eles alcançaram pontuação
máxima no quesito 1: “domínio da língua”. Assim, deve-se entender que o MEC do
ministro-miojo acaba de incorporar essa ortografia à língua portuguesa.]
[...Entre os estudantes do ensino superior, 38% não dominam habilidades
básicas de leitura e escrita, segundo o Indicador de Alfabetismo Funcional
(Inaf), divulgado em julho do ano passado pelo Instituto Paulo Montenegro (IPM)
e pela ONG Ação Educativa.]
[...
Em 2001-2002, 2% dos
alunos universitários tinham apenas rudimentos de escrita e leitura. Em 2010,
essa porcentagem havia saltado para 4%. Vale dizer: 254.800 estudantes de
terceiro grau no país são quase analfabetos. Espantoso? Em 2001-2002, 24% não
eram plenamente alfabetizados. Um número já escandaloso. Em 2010, pularam para
38%. Isso quer dizer que 2.420.600 estudantes do terceiro grau não conseguem
ler direito um texto e se expressar com clareza. É o que se espera de um aluno
ao concluir o… ensino fundamental!
Estamos em plena
revolução. A luta armada será travada sobre a copa das árvores.]
Texto publicado originalmente às 5h42
Por Reinaldo Azevedo
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